ALJUBARROTA - Pintura de Mário Rita
Data da notícia: 6 Abril 2020
O enorme quadro de 2 metros por 2 metros, datado de 2009, resulta da encomenda do MCCB ao pintor Mário Rita para que desse expressão plástica a “Aljubarrota”.
O enorme quadro de
Esta peça, com base expressionista e gestual, enquadra-se nas novas figurações dos finais do século XX, tendência que se manifesta pela energia que nele se encontra.
Num diálogo simultaneamente tenso e harmonioso, o traço a carvão e as pinceladas de tinta acrílica entram em diálogo realçando-se mutuamente. Se em certos momentos a linha pediu a cor, noutros foi a cor que sugeriu que novo traço fosse desenhado. E essa dialéctica e interacção oferecem-nos uma história também ela apenas sugerida:
(o que no diz a audiodescrição)
Sobre um fundo em tons pastel, ocupando grande parte do lado esquerdo do quadro, esboçadas apenas, duas figuras humanas:
Sentado, de costas direitas e cabeça erguida, os dois pés firmes no chão, aquele que será D. João I. Ensaia-se-lhe apenas o semblante num esboço de rosto que se deixou velar por mais uma camada de tinta. Os ombros largos, envergando um capelo medieval, sustentam a cabeça delicada sobre a qual reluz uma coroa, apenas adivinhada contra o amarelo dourado do espaldar da cadeira. A realeza desta figura faz-se sublinhar pelo azul que lhe tinge, em jeito de luz, a perna esquerda e que, continuando para trás, sugere um trem real, talvez.
Ao seu lado, mais à esquerda, de joelhos, mãos unidas em jeito de oração e cabeça dobrada, a segunda figura, o Condestável. O esboço de homem demarca-se da figura do rei pelos tons avermelhados que se adivinham debaixo do sempre pálido véu de tinta clara que leva a que este homem quase se funda com o outro.
Do lado direito do quadro, aos pés do rei, numa confusão de formas, desenham-se corpos caídos: o flanco e a perna de um cavalo, um braço de gente, um corpo dobrado…
Contrastando com a pose hirta das figuras à esquerda, aqui há movimento, há sangue, há guerra… há Castela…
Mais acima, ocupando o canto direito do quadro, retomam-se laivos de azul e de vermelho para com eles desenhar as cinco quinas numa bandeira que, nas palavras do artista, teve de ser pintada e repintada para que se desse esta síntese.
E tudo neste quadro é expressão… traços, pinceladas intencionais, escorridos, … meros acasos, acontecimentos fortuitos… tudo se conjuga e se oferece ao olhar.
CONTEÚDOS ÁUDIO E VÍDEO
Áudiodescrição da pintura: https://soundcloud.com/user-703797746/aljubarrota-audio/s-Y2xIHe8FWy3
Interpretação em Língua Gestual Portuguesa: https://youtu.be/_qqvy94kkdQ
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